
RESUMO
A instalação artística "Dionocoli Vigilantia Variegata: O Olhar Predatório" emerge no contexto da
ubiquidade da realidade digital e da consolidação do capitalismo de vigilância, que capitaliza a experiência
humana a partir da coleta de dados. A obra investiga as tensões entre a aparente familiaridade das
interfaces digitais e os mecanismos de controle e colecionismo de dados subjacentes. O projeto visa
explorar criticamente os processos de design de vigilância e classificação de dados, utilizando a metáfora
da planta carnívora Dionaea Muscipula para ilustrar poeticamente a relação de predação. Busca-se
questionar os vieses algorítmicos e a nossa colaboração, muitas vezes inconsciente, na construção desses
sistemas. Trata-se de uma instalação híbrida, acomodada no interior de em uma cúpula de vidro que
reforça o sentido de atenção, que combina o artesanato em crochê – na confecção das armadilhas da
planta carnívora - com olhos de vidro, dispostos em um canteiro em formato de alvo que ocultam um
sistema digital de captação de imagem realizada por um sistema digital de captação de imagem
viabilizado por e uma câmera endoscópica que capta a imagem dos observadores. Essa imagem então é
processada em tempo real, aplicando um efeito de glitch /filtro que simula reconhecimento facial e depois
projetada este resultado com a classificação dos observadores como espécies de insetos e artrópodes,
expondo a arbitrariedade da categorização. Espera-se provocar no espectador uma reflexão sobre a
vigilância, a privacidade e a instrumentalização da imagem. A obra busca gerar um estranhamento crítico
ao confrontar o público com uma representação distorcida e desumanizada de si mesmo, fomentando a
discussão sobre as implicações éticas e políticas da tecnologia. A relevância da instalação reside na sua
capacidade de materializar artisticamente conceitos complexos como o design de vigilância e o
colecionismo de dados, promovendo uma sensibilização crítica sobre o poder dos algoritmos e a
necessidade de resistências estéticas e conceituais na contemporaneidade.
Palavras-chave: Arte, Tecnologia, Design de Vigilância, Colecionismo de Dados, Tecnoestética.